O decreto n.40 de 1º de abril de 1890 mudou para Itapira o nome de Penha do Rio do Peixe, dado até então ao município.
Acerca da definição do vocábulo “Itapira “ o Dicionário Geográfico da Província de S. Paulo”, pelo dr. João Mendes de Almeida, à pág. 124, o seguinte:
(foto/magem de Itapira 1890)
O decreto número 40, de 1º de abril de 1890, do governador deste Estado, restitui ao lugar Penha do Rio do Peixe, o primitivo nome indígena ou em língua tupi. Peço vênia para dizer que não só o nome foi escrito incorretamente – YTAPYRA – como também não é verdade que, segundo relata o Decreto, “Os indígenas assim designavam o rio que banha aquele povoado, por ser pedregoso e abundante de peixe”.
Os indígenas sabiam dar nomes com som idêntico ou quase idêntico à vários lugares na mesma região, mas com significados diferentes.
Eram sábios na formação dos nomes locais, pois estes deveriam designar os caracteres físicos da coisa nomeada e não eram definitivamente aceitos senão depois de deliberação em assembléias noturnas, como bem foi exposto pelo padre Ivo D’Evreux, na obra Viagem ao Norte do Brasil nos anos de 1613 e 1614. Os indígenas faziam aquele admirável jogo lingüístico quanto tinham de dar nomes aos rios, lagoas, montes e outros lugares da mesma região.
Evolução fonética da palavra ITAPIRA
O nome YTAPYRA, desarticulado ou desunido, mostra as duas palavras de que foi composto, isto, é: yta’-pir-a , contração de yta-api-ra. O y em pira, tendo pronúncia gutural, não é a mesma que pira, contração de apir-a. Os indígenas denominam yta’-pir-a a qualquer morro em forma de penha. O morro no qual se assenta a cidade tem aquela forma, com declividade íngreme para a margem do ribeirão. Do yta’ ou ita “pedra”, ”morro”, apir, “ponta” com o acréscimo do "a" breve por acabar em consoante, segundo a lição dos gramáticos, quer dizer: ponta de pedra ou pedra pontiaguda, dando a idéia de penha, penhasco. Eis o significado exato do nome Yta’-pir-a. Quanto ao ribeirão que tem trazido o nome injustamente de Penha era Ya’-pir-rú, isto é, fundo pedregoso e escuro; de yta’ (pedra), pi (centro) e rú o mesmo que "eu" ou "hú", isto é, negro, preto, escuro”. E na verdade o fundo desse ribeirão é pedregoso e escuro e até as águas parecem turvas. A palavra "ru" deve ser pronunciada breve e corrida por causa do assento predominante em "pi", segundo a lição do padre Luiz Figueira, em seu livro Arte de Gramática da Língua Brasílica. Por isso o som é quase idêntico ao de yta’-pir-a . Este nome nada tem com peixe, pois não há qualquer deles, a palavra "pira" que é a que significa “peixe”."Pira" é também o verbo que significa “abrir”, empregado pelos indígenas para exprimir a ação de entesar o arco e "apira" significa “desatar a ponta, cair de bruços”. Assim, mesmo que a palavra "pira" estivesse compondo um outro desses nomes, não se seguiria que o indígena quisesse aludir a peixe. Só em três casos o indígena dizendo yta’pira, significando “pedra peixe” ou “peixe petrificado”, como os há em abundância na Serra do Baturité, no Ceará. No segundo yta’-pira, “peixe a nadar”. No terceiro y-ta’-pira’, “ peixe colhido ou apanhado”. Portanto, o Decreto nº 40 deve ser retificado.
a) Porque o nome do lugar da povoação é o da penha "yta’-pir- a".
b) Porque o nome do ribeirão é "yta’-pir-rú", a cuja margem esquerda esta a povoação, hoje cidade.
c) Porque o indígena não cogitava de peixe para a denominação de rios e ribeirões, visto que seria uma espécie de periglossia. Vício em que, por sua maneira nomear, não cairia. Dizendo “rio de peixe” seria o mesmo que dizer “rio de Água”.Mesmo sabendo que existem rios escassos ou baldos de peixes.
Casos anormais quando os rios, em certas ocasiões do ano secam, exigindo então nomes especiais e correspondentes a tais características físicas.Quando um rio ou ribeirão abundava de peixes o indígena usava a frase "pira-ri", mas trata-se de uma designação piscosa do curso d’água. A palavra "ri" é preposição, significando “com” e nenhuma relação que tem com rio ou água.
Em geral, rios ou ribeirões denominados "pi-ra’-i", escrito sob corruptela "Piray", tomavam em português o nome de “rio de peixe”, no pressuposto de ser essa a tradução de "pira’-i". Mas em tupi as palavras "i, ri, ti", significando “água” ou rio e entrando na composição de nomes sempre os antecedem, salvo casos raríssimos em que antepostas degenerariam em sínese ou sinérese, como por exemplo em "Amã-nd-i", “água chovediça”. Em verdade, "Pi-ra-i" significa “fundo perseveramente desigual”, de "pi" “centro, fundo”, "ra", ”desigual, não nivelado, alto, baixo”, "i", preposição para exprimir “perseverança de fato, alúvios e altos e baixos no leito, por causa das pedras ou areia ou buracos”.Para entender de traduzir os nomes em tupi, não basta conhecer o significado de certas e determinadas palavras. Já demonstrei que "pira" não significa sempre “peixe”. Mesmo a palavra Itapira se for escrita e pronunciada "y-ta’-pira" diverso será o significado. De "Y" relativo, "ta" o mesmo que "ya", “colher,“comprar”, "pira", partícula do particípio passivo, formado este da terceira pessoa do presente do indicativo, sem o artigo, conforme a lição dos mestres. Também a palavra "pi-ra" significa “cru”, isto é, não cozido ou verde, não maduro, por exemplo: "côo-pir-a" “carne crua”; "iba’-pi-a", “fruta verde.
Quando eu ainda ignorava a graciosa e rica língua tupi, que tantas palavras têm fornecido à atual língua portuguesa, acompanhava também a esses que erradamente explicavam e traduziam os nomes brasílicos.
Após tomar conhecimento da mudança do nome da cidade, o Conselho de Intendência realizou solenes comemorações em 7 de abril do mesmo ano, com o comparecimento de banda musical e grande massa popular.
História de Itapira e Saint Hilaire
Em sua obra "Segunda Viagem do Rio de janeiro a Minas Gerais e a São Paulo",
Saint Hilaire à página 39, em pleno ano de 1822, faz referência a Itapira.
Veja mais abaixo detalhe do texto:
Interessante esse relato abaixo cujo texto foi publicado por mim no jornal a Tribuna de Itapira em 1997 . É bem provável que a denominação ”ITAPIRA” preceda cronologicamente à própria fundação da cidade.
As denominações: Bairro dos Macucos, Penha da Boa Vista, Penha do Mogi Mirim, Penha do Rio do Peixe, esconderam(?) o óbvio ululante, ou seja que, Itapira se chamava mesmo ITAPIRA já em 1822 sendo tal denominação, original e não “criada“. Foi portanto, apenas restituída a partir do Decreto de número 40, de 1ºde Abril de 1890, do Governo do Estado de São Paulo. Vamos acompanhar o raciocínio e descobrir os fatos.
Como bem disse a Odete Coppos em seu “O livro de Itapira” às paginas 12 e 13, quando se refere ao nome indígena de “Ytá-pir-a”, tal designação já era o nome primitivo da região e seu significado é ponta de pedra, pedra pontiaguda, penha, penhasco. As designações anteriormente citadas precederam o nome primitivo de Itapira e roubaram a cena tanto quanto a verdadeira origem do nome, quanto da própria geografia localizatória dos primeiros núcleos de moradores. Ainda citando Odete temos que:
“ ...por volta de 1800, pode-se dizer, sem medo de engano, que o mais antigo e batido caminho era aquele que ia dar na casa de João Gonçalves de Morais, já que ali se encontrava desde há muitos anos, para veneração pública, uma antiga imagem de Nossa Senhora da Penha, aos pés da qual os devotos colocavam seus vinténs...”. E prossegue a autora: ”As demais habitações do bairro do Macuco, cuja rusticidade é fácil de se imaginar, ficavam espalhadas pelos lados dos futuros bairros do Cubatão, Santa Cruz e Pinheiros; no Cubatão porque por ali se ia para a Província de Minas Gerais: na Santa Cruz, que era por onde se ia a Mogi Mirim: e Pinheiros por ser o caminho por onde se ia a Serra Negra e Amparo,(por essa razão a atual rua da Penha, alusão à Penha do Rio do Peixe, era antigamente conhecida por “rua do Amparo”)
A citação acima referida e que pertence a lavra da escritora e historiadora Odete vem apenas provocar o ensejo de fazer outra referência e com um nível de importância bastante razoável para o que pretendemos argumentar a seguir. Trata-se de um achado e talvez (salvo engano) a primeira vez que o nome ITAPIRA foi usado bem antes do decreto de 1890 que lhe conferiu o nome. Mais precisamente há 77 anos atrás.
Pesquisas recentemente realizadas no Museu Imperial de Petrópolis, pela advogada Dra. Nilsa Cantoni, permitiu-me a elaboração desta matéria. Nilsa esclarece, ao aprofundar-se nos temas de sua especialidade, ou seja, na colonização do cone sul, (divisa de SP/MG nos séculos XVII a XIX) que indignou-se com o achado que passo a analisar abaixo e que certamente interroga algumas questões que nossa história ignora ou teima em esconder. Nesse sentido, nossa nobre causídica, ao adentrar pelos acervos históricos do museu referido, depara-se com as obras,(originais manuscritos) escritas por Saint Hilaire quando de suas viagens pelas terras de Minas e São Paulo. Esses originais revelam em dado momento uma “sui generis” informação que vem nos interessar sobremaneira e especificamente à nossa história ,quando se referem à rota de tropeiros e a alguns nomes de fazendas da região.
Dessa maneira em sua magistral obra “Segunda viagem do Rio de Janeiro a Minas Gerais e a São Paulo (19.02.1822)” à página 71, (do original) Auguste de Saint Hilaire estando em Barbacena textualmente diz:...”fizemos juntos o cálculo do número de léguas que existem daqui a ITAPIRA (o grifo é meu), e de lá a São Paulo”. Esse texto encontra-se originalmente na referida citação acima e à página 39, na edição de 1974 publicada pela Câmara Brasileira do Livro, SP com a colaboração da USP e que aqui reproduzimos para melhor clareza do assunto.
Como a palavra “ITAPIRA” apareceu nos manuscritos de Saint Hilaire em 1822 se “Itapira” como nome ainda não existia? e porque a ela se referiu o autor com tanta intimidade? Itapira era obrigatoriamente parte da rota dos tropeiros de São Paulo para Minas? A interrogação se justificaria caso não houvesse nenhum indício de caminhos por esses lados. A própria intimidade com que o autor se refere a Itapira nos permite acreditar que tal local já existisse há algum tempo. Se Itapira nasceu em 1820, e em 1822 já estava sendo citada como localidade e ponto de referência, estaria aí criado o paradigma para as nossas andanças históricas e entendimento de outros fatos ainda envoltos em brumas. Deveria existir por certo alguma fazenda com esse nome em nossa região? Podemos agora a partir dessa pista procurar ali pelos arredores da Fazenda Itapirinha e dar buscas em alguma coisa que nos possa conduzir ao entendimento desse “mistério”. Qual a importância do lugar para Saint Hilaire? Não há como confundir neste momento histórico ITAPIRA (SP) com ITABIRA (MG), pois esta fica um pouco distante já que Saint Hilaire estava na fazenda Cachoeira, perto de Barbacena.
Nesse mesmo passo podemos arriscar nossa humilde opinião de que se em 1822 Auguste de Saint Hilaire já tinha conhecimento da região e inclusive da denominação “ITAPIRA”, para o povoado já existente, algo se esconde mesmo nos bastidores da história de nossa cidade! Voltando a polêmica sobre a mudança da data de nossa fundação: como é que se fundou ITAPIRA, em 1824 e cujo nome era Bairro dos Macucos se em 1822 já se falava nela (ITAPIRA) com ESTE nome? Causa-nos certa estranheza e perplexidade o fato de Saint Hilaire se referir (DE FATO) a Itapira quando, então, seu nome nem havia sido criado! Vamos aguardando o andar da carruagem e aos poucos iremos provando que Itapira foi palco de núcleos primitivos de moradores em épocas anteriores a quando se chamou Bairro dos Macucos, Penha do Rio do Peixe etc. Dando sequenciaw ao raciocínio, observamos:
Se Macucos surgiu em 1816 e isso está demonstrado no livro Historia de Mogi Mirim (Origens), página 88 a 90, quando foi nomeado José de Souza Dias como Juiz de Vintena para aquele bairro; Se somente em 1824 quando Manuel de Sant’Ana assumiu o mesmo juizado houve a troca de nomes que passou de Macucos para “bairro da Penha”; fica fácil deduzir que o nome Itapira nunca foi um nome que passou pela cabeça dos fundadores. Nem sequer cogitaram em chamar de Itapira o bairro recém emancipado de Macucos, porque se o nome Itapira já existia (mesmo que fosse o nome de uma fazenda) tais autoridades na época não iriam logicamente dar o mesmo nome ao referido bairro. Fica evidente então que já existindo a denominação “ITAPIRA” e que esta não proveio do bairro dos Macucos é bastante razoável se pensar que as origens de nossa fundação histórica bem como suas datas deverão passar por um processo de reavaliação. Senão como entender que em 1822 o nome ITAPIRA já havia sido proferido por Saint Hilaire conforme relato acima. E vejam bem que Saint Hilaire quis se referir não a Macucos e nem ao bairro da Penha, muito menos a Penha da Boa Vista ou do Rio do Peixe, mas a Itapira mesmo? Mistérios? Acredito que não.
Saint Hilaire sabia em suas viagens que Itapira era sim trajeto de tropeiros que adentravam pelo Sul de Minas em épocas anteriores como já enunciamos. Caso contrário de onde teria vindo o nome ITAPIRA referido naquele item de seu livro designado como “rota de tropeiros”, quando aprecia a distância em léguas que poderia ter de Barbacena a nossa primitiva Itapira de 1822? Provavelmente alguma fazenda com o nome de Itapira ,conforme também me referi acima já existisse naquela época e que deva ter dado motivo a tal referência por parte de Saint Hilaire.
Outrossim não nos convence dessa maneira o fato de Itapira ter tido tal denominação a partir do assassinato do delegado Joaquim Firmino como alardeada a quatro ventos, pelos historiadores de antanho. Agora... , que a fazenda Itapira, ou Itapirinha já existia anteriormente a esse fato negro de nossa história isso é sensato e plausível de se pensar. O nome Penha do Rio do Peixe pode até ter sido seu nome trocado para Itapira devido ao assassinato referido acima, mas não que este tenha sido um nome inventado naqueles idos de 1890.Isso porque o nome de Itapira preexistia e dava nome aquela fazenda de Itapirinha pertencente aos antepassados de D. Leocádia Rodovalho e também dos antepassados de seu aparentado Cel Francisco Cintra. Vemos então que tanto Auguste de Saint Hilaire quanto os Cintras, antigos proprietários da referida fazenda já em tempos anteriores eram conhecedores da cognominação ”ITAPIRA” para aquelas terras. Caso João Batista de Araújo Cintra (o primeiro dos Cintras a adquirir terras em Itapira), tenha chegado aqui em Itapira entre 1830/1840 é bem provável então que o nome Itapira já existisse como nome quando a adquiriu. È razoável que assim se pense porque realmente uma de suas fazendas sempre foi conhecida como FAZENDA ITAPIRINHA e que fazia parte da extensa área de terras conhecidas posteriormente como FAZENDA REUNIDAS que compreendia as fazendas São Jerônimo, Nova América, Santa Cruz, ITAPIRA e Sertãozinho e que pertenceram após ao Cel Francisco Cintra. E seria importante considerarmos também que se essa premissa estiver correta, então o nome ITAPIRA, como fazenda PREEXISTIA, quando foi adquirida pelos Cintras. Deduz-se então que nessas paragens antes mesmo de 1816 já habitavam por aqui fazendeiros que venderam suas terras aos Cintras, incluindo a fazenda cujo nome permaneceu até hoje com o nome de Fazenda Itapirinha.
REFLEXÕES
Devemos aguardar portanto que se esgotem e se excluam a contento as possibilidades e as provas textuais já apresentadas quanto a mudança da polaridade histórica de nossa cidade. Quero dizer com isso que muitas questões ainda não satisfatoriamente exercitadas na sua conclusão impedem o desenvolvimento das provas recentemente apresentadas por outros historiadores, cujo teor explica mas não justifica alguns “mistérios”
É o caso da sesmaria concedida em 1707 a Amador Bueno da Veiga primo do Francisco Bueno da Silva, neto de Anhanguera, cujos limites centralizavam o local onde hoje se localiza tanto Itapira quanto Eleutério e parte do Sul de Minas. E olha que não estou me referindo a outros nichos geográficos e nem costurando contradições. Se nesse nível de entendimento onde as fontes consultadas são costuras, que se dirá dos remendos mal cozidos, dos rasgos, dos alinhavos e dos pareceres monótonos e descoloridos, todos cerzidos nas barras e nas golas encardidas de nossa pobre história. Algo deverá existir por trás dos bastidores para justificar com temores que a história já tecida tenha que ser mudada. E se assim for poderá se incorrer no erro em ver revelada toda a verdade sob o manto da mentira histórica forçada e inventada.
É o caso dos 1.300 homens que vieram com ele, Amador, para essa região para lutar contra os emboabas e que não havendo luta, não se tem notícia de que esses homens retornaram para a capital da Província. Teriam ficado por aqui e foram os primeiros colonizadores dessa terras?
É o caso também do porquê dessa insistente surdez ou incapacidade para entender que o fato da guerra dos emboabas terem traídos os paulistas no “Capão da Traição”, não tenha tido a sua expansão fora daqueles limites.
Estaríamos submetidos a uma surdez e a uma cegueira histórica? Esconderam algo e agora a nossa incapacidade de percorrer os meandros desses labirintos estão a desafiar a nossa argúcia e inteligência ou inadvertidamente algo foi esquecido sem intenções, dolo ou má fé?
Passamos a aceitar apenas aquilo que já é sabido, isto é, que as contendas analógicas entre mineradores do Sapucaí e Pouso Alegre e também a guerra dos emboabas foram episódios históricos distintos. Eleutério, nossa vila, divisando com Sapucaí em MG teria sido palco de paragens de tropeiros e a rota da mineração teria passado por aqui?
Agora custa a crer que em 1707 uma sesmaria tivesse sido concedida a Amador Bueno da Veiga nessas nossas terras (e já provei isso com mapas autênticos e não costurados) apenas para lutar contra os emboabas se luta não houve. O que fez Amador Bueno da Veiga? Tomou posse dessa sesmaria e aqui assentou 1.300 homens? Mas isso é discordante. Vamos repetir: para que vieram? Para lutar contra os emboabas. Porque? Porque vieram reforçar as defesas paulistas já que estavam em lutas contra os mineradores que por aqui já haviam passado em 1694.As lutas eram onde? Lá pelas regiões de São João del Rei e Ouro Preto...Certo?. E também por aqui...Certo? (Errado?).Porque Amador fixou sesmaria aqui, então? E Amador foi lutar lá. Certo? Errado; ficou por aqui e voltamos a estaca zero. O que ocorreu então? A história não faz referências sobre essas particularidades. Quem poderia imaginar na época que o envio de Amador da Veiga para apagar o fogo dos emboabas e a concessão de sesmarias em 1707 fosse ter alguma repercussão histórica quase 300 anos após. E olha que luta mesmo não houve!!!
Apenas que episódios distintos com os mesmos personagens dicotomizaram duas frentes de interesses. A primeira um objetivo justificável: lutar contra os emboabas; A segunda: um objetivo interrogável. E é aí que a “porca torce o rabo” já que nossos historiadores se avizinham com as mesmas historietas e não aprofundam o rumo das pesquisas. Ou porque elas foram esquecidas ou porque a ninguém interessava tais ilações a não ser aos sesmeiros com tendenciosos interesses que não ousamos avaliar.
Podemos ficar na mesmice das descobertas genealógicas para saber desses forasteiros e seus superiores, quem é primo de quem até por vaidade vaidade pessoal. No entanto não se deve valorizar tais aparentados pela notoriedade e significância histórica em detrimento dos outros menos favorecidos com os galardões da nobreza. Existem também assassinos e desestruturados que engrossam o caldo de cultura de nossos antepassados e ufanar-se tanto dos primeiros não nos confere mérito algum quando sabemos que aqueles outros também nos envolvem nos graus de nossa linhagem.
Pode parecer repetitivo, no entanto mais uma vez publico e agora pela terceira vez o detalhe do mapa (no topo desta página) onde a região das sesmarias de 1668 e 1707 enfoca a nossa região incluindo Eleutério como terras onde abrigaram primitivos moradores e a incluindo na rota da “Estrada dos Goiases”.
Agora com mais veemência ainda, volto a carga porque Auguste de Saint Hilaire, esse notável cientista francês, botânico, mestre em História Natural, Geografia, e Etnografia, além de nos legar quase uma dezena de obras específicas sobre o nosso Brasil Colonial ainda nos faz refletir sobre nossas origens ao citar o nome de “ITAPIRA”, em uma de suas obras numa época cujo nome nem existia. E OLHEM QUE A FAZENDA ITAPIRINHA TEM PROXIMIDADE COM ELEUTÉRIO que é o foco de nossas pesquisas ao tentar mudar a polaridade da fundação de nossa cidade para aquelas terras.
Vamos dirigir nossas pesquisas um pouco e seguir por aquele lado? E praticamente quase todas aquelas terras pertenceram ao Cel Francisco Cintra de modo indireto quando sua segunda esposa D.Sizi Vieira as herdou através de seu pai Joaquim Francisco de Assis Vieira (o Nhô Quim) e de seu avô Francisco de Assis Vieira o fundador de ELEUTÉRIO.
Foto do cel. Francisco Cintra
É prematuro, pois, avançar em afirmações mesmo aquelas fundamentadas e baseadas em “documentos”. Desde o nosso descobrimento conforme afirma Ulisses Copozoli em sua matéria veiculada Domingos p.p. no Jornal “O Estado de São Paulo” existe uma Política sigilosa onde as tramas e os segredos de pé de ouvido impermeabilizam muitos dos fatos e ocorrências históricas em nosso país. As controvérsias e as dúvidas vêm se somando desde o Tratado de Tordesilhas. Assim, tipos de embarcações utilizadas durante a viagem, rotas seguidas, feitura de cartas de navegação, mapas geográficos, áreas delimitadas, povoações, interesses políticos, valorização de vultos sedentos de notoriedade, trajetos e caminhos utilizados pelas Bandeiras. Junte-se a isso tudo e um sem número de fatos que ficaram esquecidos ou politicamente encobertos vão engrossando as entrelinhas que enfumaçam a nossa história. A estratégia portuguesa de ocultar conquistas e descobertas desde as mais importantes até as mais insignificantes tem provocado controvérsias e uma retomada de posição no seio dos historiadores de todo o país no sentido de resgatar as verdades ocultas nesse passado de quase 500 anos. No limiar desse meio milênio de história há uma grita geral no sentido de que atentemos para o aprofundamento de nossas pesquisas e busquemos nos mistérios e legados sigilosos de antanho as verdadeiras causas e as verdadeiras origens de nosso passado. Paulo Micceli, historiador e diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp assim se expressa em seus princípios conceituais referentes a história: ”o passado desvenda o presente e constrói o futuro; essa é a dimensão da História.”
Que feliz fiquei de ver que vai publicar as pesquisas de seu pai. Mais de uma vez, eu que sou apaixonada por genealogia, me deparei com a perda das pesquisas dele. Parabéns pela inciativa ! <3
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